Max Payne 3, um dos fortes candidatos a jogo do ano, se passa em São Paulo. A metrópole é representada pela Rockstar,
produtora do game, de forma detalhada e cuidadosa. Confira o que
podemos esperar do título, que chega às lojas em maio, e da sua
aguardada ambientação.
Em 2009, quando a Rockstar Games anunciou que o
terceiro game da série se passaria em São Paulo, justificou a escolha
pela cidade brasileira ostentar atmosfera cosmopolita, exatamente como
Nova Iorque.
Nas primeiras informações, houve a suspeita por parte de fãs
brasileiros de que o trabalho de pesquisa para desenvolver o game era
parco, e que a capital paulista ficaria com cara de uma genérica cidade
brasileira, mais próxima do Rio. A cada adiamento do game, a
desenvolvedora liberava novas informações que mostraram um grande
empenho da produtora em capturar a estilo de vida e os ares paulistanos.
Elementos de “paulistanidade”
Detalhes como copos americanos nos bares e botecos, as cabines
telefônicas em formato de orelhão e a paixão pelo futebol caracterizam
facilmente a sensação de brasilidade. A Rockstar foi além ao perceber que São Paulo tinha características muito particulares, a começar pela legislação e imprensa.
Placas da lei estadual antifumo em espaços fechados estão por toda
parte no game, dividindo espaço com a pichação de tipos tão
característicos de Sampa e anúncios do jornal Sentinela de S. Paulo, uma
mescla virtual entre O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.
Até o momento, um clube de futebol da São Paulo virtual já é conhecido:
Galatians Futebol Clube, que possui seu estádio no bairro de Butantã.
“Galatians” é o inglês para o livro bíblico de Gálatas e poderia ser entendido como o equivalente à "Corinthians”, cujo nome também é baseado no livro bíblico da Carta de Paulo aos Coríntios.
O jogo terá diversas referências à maior frota de helicópteros do
mundo, que está em Sampa e é utilizada pelos milionários para se
deslocar com mais rapidez e evitar o trânsito caótico. Pelas imagens
divulgadas, também estarão presentes pontos conhecidos da metrópole,
como o Edifício São Vito (ou Treme-Treme, um cortiço vertical no Centro
Velho) e o Edifício Copan, prédio projetado por Oscar Niemeyer nos anos
50.
“Sem São Paulo, o meu dono é a solidão”
A serviço de Rodrigo Branco, um bilionário do ramo imobiliário, Max vai
atuar na Zona Sul de São Paulo, região marcada por mansões, palacetes e
a comunidade do Paraisópolis, a segunda maior favela da cidade, surgida
nos anos 50, após a invasão de um grande loteamento destinado à
construção de residências de classe média alta. Na história do game, o
poder econômico e o poder paralelo dividem forças na região.
Assim como qualquer cidade grande do mundo, São Paulo é difícil de ser
dominada, principalmente para um estrangeiro recém-chegado que sequer
fala português. Sem conseguir entender ou dominar a cidade, Max terá de
enfrentar terá de enfrentar a solidão em companhia de seu único amigo,
Raul Passos, que o convidou para trabalhar a serviço de Rodrigo Branco.
O empresário é um típico rico paulistano que precisa gastar grande
parte de sua fortuna para se proteger com veículos à prova de balas,
helicópteros, vigilância incessante e escolta particular.
A dupla foi contratada pelo bilionário para proteger sua mulher, a
jovem Fabiana Tavares Branco, uma alpinista social luso-brasileira vinda
de São Carlos, no interior do estado paulista.
Figurinha carimbada dos tabloides e revistas de fofocas, a bela loira
fanática pela noite também fala inglês e se torna mais uma companhia
para Max. E claro, tanta atenção tem seu lado positivo, e outros tantos
negativos…
Comando Sombra
A criminalidade é uma das manchas do charme da São Paulo virtual.
Gangues e organizações criminosas dominam as favelas Morro do Abutre,
Vila do Beija-flor, Nova Esperança e Purgatópolis (todas fictícias). Uma
em especial possui grande destaque: Comando Sombra (CS), organização
surgida dentro das penitenciárias paulistas no meio da década de 1990,
como um sindicato dos presidiários, para reivindicar melhores condições e
tratamento para os detentos.
Seis anos antes, a organização foi assumida por Serrano, um criminoso
órfão filho de africanos, que trouxe novas perspectivas, ampliou a
atuação e equipou o Comando com armamento de guerra contrabandeado de
diversos países. Em junho de 2009, o CS coordenou diversos ataques a
bases e delegacias, rebeliões em presídios e depredações ao patrimônio
público.
A Unidade de Forças Especiais (UFE), uma mescla de inteligência e ação tática da polícia paulista em Max Payne 3,
entra em confrontos frequentes com os criminosos entrincheirados nas
favelas. Apesar da eficácia das ações, desde essa época, a organização
participou do sequestro de 20 pessoas da alta sociedade, inclusive o
rapto de Fabiana Branco, esposa do patrão de Max.
“A rua é noiz”
A escolha do rapper Emicida para a trilha sonora de Max Payne 3
dá o ritmo correto desse embate entre ricos e cidadãos marginalizados.
Na década de 1980, a cultura Hip-Hop começou com grande força nas
regiões como Anhangabaú, São Bento e Praça Roosevelt, no centro de São
Paulo, e se expandiu rapidamente pelo resto do país com nomes como Thaíde & DJ Hum e Racionais MCs.
O rap encontrou na metrópole o cenário perfeito e inspirador, mesclando
temas de desigualdade social, abandono do Poder Público e a violência
social característica dos subúrbios paulistanos.
Atualmente o rap migrou para outros pontos da cidade, como a região da Vila Mariana, onde ocorre aos sábados a Batalha do Santa Cruz, nas imediações do metrô Santa Cruz e é organizado pelos MCs Flow e Marcello Gugu.
O próprio Emicida frequentou a rinha por anos. Algumas
das características mais marcantes do rap paulista é ser melancólico,
rancoroso e injustiçado. Exatamente os sentimentos que Max Payne carrega
durante toda a série.
Expectativas
A Rockstar não costuma brincar em serviço e quase que
semanalmente publica dossiês com informações verossímeis sobre São Paulo
em seu site oficial. O número de detalhes identificáveis nos vídeos e
imagens divulgados de Max Payne 3 indiciam que, ainda
que o jogo busque reproduzir fielmente a cidade, o desejo é trazer a
atmosfera e o contexto da maior metrópole do hemisfério sul para o game.
As contradições sociais entre bilionários e pessoas vivendo abaixo da
linha da pobreza na mesma cidade parece ter sido um pano de fundo
acertado para o senso de justiça e a vontade de vingança que move Max
desde o primeiro game da série. No jogo, poucos brasileiros falam inglês
e preferem usar sua língua nativa para se comunicar.
A desenvolvedora optou por não colocar legendas nas falas em português
(que constituirão grande parte do enredo). Assim, para quem não fala o
idioma, a sensação de confusão será a mesma do personagem: um
estrangeiro recém-chegado numa terra estranha.
Fonte: Techtudo
0 comentários:
Postar um comentário